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Ola

você que está entrando agora nesse meu mundinho desejo-lhe boas vindas

domingo, novembro 23, 2008

Viagens no tempo

Lento, lento, muito lento...

Chega a hora da partida tão esperada. Ela olha para o cais e avista sua mãe apreensiva.

A tripulação desfaz as amarras e os apitos longos do navio anuncia a despedida. Ela pensa em seus dias nesse palácio flutuante em alto mar: jantares, jogos no cassino, passeios no deck, festas, shows e bailes. Cada dia e noite um entretenimento organizado e divertido, desembarcando finalmente em terras desconhecidas.

Muitos despedem-se de seus amigos e parentes, outros apenas estão lá por nada terem a fazer. Todos os lenços e echarpes agitam-se numa longa fila triste, seus corações batem descompassadamente.

Os lenços lentamente desaparecendo e na cabeça dela uma confusão de perdas e encontros, solidão e esperança.

Seus pensamentos encontram-se, no amplo salão do navio. Está dançando uma valsa de Strauss com seu longo vestido rose blanche, sem mangas, amplo decote ombro a ombro especialmente confeccionado para essa viagem que, anos após anos, habitou seus sonhos jovens de menina mulher solteira. Longas luvas de cetim, quase do mesmo tom do vestido, cobrem suas mãos até depois dos cotovelos. Está feliz, muito feliz, rodopiando com seu par em seu conjunto preto, gravata borboleta, faixa de cetim na cintura e sapatos de verniz preto.

Quando ele se aproximou e a convidou para a dança seu coração pulsou tão forte quase encobriu o som da orquestra.

Todos na distante faixa de terra ficaram do tamanho de formigas agitadas. Ela fecha seus olhos num momento total de desapego e, assim que os abriu, deparou-se com um jovem de pele muito branca com cabelos e bigodes negros fitando-a entre admirado e surpreso.

Bastou isso par ela saber, sim era ele... seria amada para sempre. Um amor lindo e eterno.

Rápido, rápido, muito rápido...
Ela chega no balcão da compania escolhida correndo. Está muito atrasada, quase perde o check-in. Seus pertences quase caem pelo caminho e a bagagem ainda para ser despachada. Procura seu voucher e não o encontra. Entra em pânico e lembra que para sua sorte e de seus amigos não avisara ninguém de sua viagem. Não suporta despedidas, mesmo porque não tinha
tempo para isso.

Sem despedidas. Nenhum pensamento de perda, de encontro, nada. Na cabeça dela apenas um pensamento fugaz: sua viagem será rápida, muito rápida com o roteiro previamente estabelecido, não quer e não precisa ter esperança de nada.

Programou essa viagem numa noite quando navegava pela internet, vendo as fotos do lugar soube que iria em suas férias na semana próxima.

No avião seu pensamento encontra-se no destino planejado. Está feliz muito feliz, dançando ao topor da vodka. Alguns já notaram sua presença. Seu jeans, desbotado e surrado, tão odiado por sua mãe e quase colado acentua suas curvas, mas ela ainda não se interessou por ninguém.

Seus olhos ávidos e acostumados à busca de prazer encontra um belo corpo masculino. Os músculos dele chamou sua atenção. Uma paixão, um descompromisso em terras longínquas... nada mal.

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